Essas são as palavras de Michele Brito, uma mãe falando sobre uma parte
de sua experiência com dar à luz seu filho.
Já sabemos que o processo de dar à luz é doloroso e talvez traumático
mas isso é comum, né? O fato está na Bíblia: “E à mulher disse:
Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás à luz
filhos (Gênesis 3:16)” Então quando uma mulher se está queixando de suas
dores do parto, podemos ignorá-la. Que dramático, né?
Isso é errado. E de fato, isto é exactamente o problema. Muitas vezes as
mulheres, especificamente as mulheres negras estão ignoradas quando
falaram de suas dores reais. Agência Pública, uma fonte de notícias,
reporta que “Em 10,7% das mulheres pretas não foi aplicada a anestesia
local para a realização do procedimento, enquanto no grupo das mulheres
brancas a taxa de não recebimento de anestesia foi de 8%” (Pina e
Ribeiro, 2020). Coisas assim podem ser categorizadas como a violência
obstétrica, de acordo com um artigo de Humanista, um jornal da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Hamermüller e Uchôa, 2018).
Mas ainda não sabemos porque as mulheres pretas têm uma chance maior de
não recebê-la. Vejamos porque:
Enquanto o problema de racismo em esta situação é muita complexo, muitos
dos problemas no momento de parto podem ser chamados violência por
negligência: “Negar atendimento ou impor dificuldades para que a
gestante receba os serviços que são seus por direito” (Hamermüller e
Uchôa, 2018). Esta toma lugar por muitas razões, mas um é porque há
muitos mitos e estereótipos falsos que as mulheres pretas estão mais
fortes e não precisam de anestesia o outras drogas ainda que pedem-las.
Esses pensamentos sem base científica estão em outras áreas também como
a saúde mental mas seu uso na área de saúde reprodutiva e
especificamente no momento de parto é muita peligrosa. Outra coisa da
negligência e racismo é que as mulheres pretas são sempre
subvalorizadas, ainda no hospital. Quando elas falam de suas dores,
estão ignoradas pelos médicos, o que em muitos casos causa a morte ou
outras coisas más.
Esta também contribui às taxas da mortalidade materna. Conforme um
estudo por representativas das algumas universidades no Brasil, em Mato
Grosso do Sul, um estado no centro-oeste do Brasil, a taxa de
mortalidade materna das mulheres pretas é quatro vezes maior do que das
mulheres brancas (Renata Palópoli Pícoli, Luiza Helena de Oliveira
Cazola, e Everton Ferreira Lemos; 2017).
Então você pode ver que há um problema sério aqui, né? Usa nosso site para aprender mais!
é uma frase que talvez você tenha ouvido no passado, mas só é uma frase,
né? Desafortunadamente, para as mulheres do Brasil, isso não é o caso.
Conforme o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos
(ACNUDH), Brasil tem a 5ª maior taxa de feminicídio do mundo e 4
mulheres são matadas cada dia (Cunha, n.d).
Feminicídio pode ser descrito como o assessinato das mulheres e meninas
só porque são fêmeas, como a Organização Mundial de Saúde reporta (WHO,
2020). No Brasil, “são exemplos de feminicídio os crimes encobertos por
costumes e tradições e que são justificados como práticas pedagógicas,
como o apedrejamento de mulheres por adultério, relacionadas com o
pagamento de dote, a mutilação genital e os crimes “em defesa da
honra”,” explica um artigo por UOL (Cunha, n.d.). Como se isso não fosse
ruim o suficiente, as taxas de feminicídio tem crescido durante a
pandemia! Um estudo publicado por Letycia Bond, uma jornalista de
Agência Brasil, disse que “casos de feminicídio cresceram 22% em 12
estados durante a pandemia” (Bond 2020). Mas por que? Todos estão em
casa, tá? Então se ninguém está saindo da casa, como alguém vai matar a
uma mulher?
Embora pareça errado, o fato que as mulheres estão ficando nas casas é o
problema. Há muitos fatores que contribuem para este fenômeno, mas um é
que obviamente o problema da violência contra as mulheres já era um
problema antes da pandemia. Então quando a quarentena começou, muitas
mulheres estavam atrapadas com agressores e/ou em situações inseguras.
Também por causa do coronavírus, as mulheres que precisam dos serviços
que podem ajudá-las, têm menos acesso.
Uma coisa que me dá um pouco de esperança é que há mulheres, apesar do
risco, estão tentando melhorar a situação. Por exemplo, Helena
Silvestre, uma ativista com a Escola Feminista Abya Yala, a qual é uma
organização para mulheres negras no São Paulo. Ela está trabalhando com
sua organização para distribuir comida e outros recursos durante a
pandemia, e está identificando mulheres em situações de risco a fim de
cuidar delas.
Navegue neste site para aprender mais sobre como apoiar esforços assim!
a educação sexual no Brasil é cheia de tabus. De acordo com um estudo
feito pela Federação Internacional de Planejamento Familiar, comparado
com outros países da América Latina, o Brasil fica entre os países menos
eficazes na introdução desse tema no currículo educacional.
No entanto, é uma questão complicada sobre o que deve ser incluído na
educação sexual. Basicamente, o conhecimento do sistema reprodutivo, mas
não é suficiente. A socióloga Jacqueline Pitanguy, da ONG Cepia, uma
instituição local, acredita que a falta de legislação e um dos motivos
para a situação atual. “(A educação) não sendo obrigatório…na realidade,
o que se vê no Brasil é que são pouquíssimos os cursos que tratam
efetivamente de educação sexual e de reprodução. Você pode ter através
da biologia, mas não como uma matéria em si”, diz ela. Ela acha que a
educação sexual tem a ver com direitos humanos, muito mais do que tem a
ver com o funcionamento biológico do corpo.
O desenho do currículo pode ser muito complicado, ainda mais quando
consideramos a idade dos adolescentes. A ênfase pode ser características
sexuais secundarias para os estudantes no ginásio, ou o uso dos métodos
de contracepção para os no colegial, quando eles têm mais possibilidade
de exposição ao sexo. Lena Vilela, uma especialista em educação sexual,
uma especialista em educação sexual, também diz, “Educação sexual não é
falar de sexo. É também, dependendo da idade e com quem você vai falar,
é preparar a criança para a questão do abuso sexual, que é importante.”
Agora o acesso a métodos de contracepção é 79%, mas a taxa é mais baixa
entre os adolescentes, embora a idade mais frequente de início da
relação sexual seja 15 anos. A proporção de adolescentes que utilizaram
os métodos é baixa, e também não têm muito conhecimento sobre isso. De
acordo com uma pesquisa feita em 2016, só 4% a 44% dos adolescentes
sabem do uso do contraceptivo de emergência. Em uma pesquisa feita em
2015, uma grande proporção tem déficits de conhecimento, incluindo o
conhecimento relacionado à camisinha masculina, à camisinha feminina, ao
anticoncepcional oral, à pílula do dia seguinte, ao coito interrompido,
e à tabelinha. Todos os resultados devem chamar a atenção para a
importância da educação dos métodos de contracepção e seu uso.
Bom, se queremos melhorar o nosso conhecimento dos métodos de
contracepção, como devemos fazê-lo? Tradicionalmente nos outros países,
podem ser aulas no colégio porque é uma plataforma boa em comparação aos
outros lugares, mas não é muito flexível para adaptar a diferença de
idade e de sexo. Uma outra maneira é uma educação baseada na família ou
na comunidade. Podemos explicar a importância do conhecimento aos pais
ou aos assistentes sociais, e depois oferecer um livreto como referência
a eles. Também pode ser útil distribuir exemplos como camisinhas e
contraceptivos orais. O problema disso é a barreira das comunidades ou
dos pais, porque é muito possível que eles resistam a educação sexual
para os adolescentes.
Vamos falar mais sobre isso na nossa entrevista. Pode você também nos ajudar a escolher a maneira para a educação sexual no futuro?